Se no passado, o lixo gerado pela sociedade, pelo menos em sua grande maioria, se tornava adubo para fomentar a agricultura, nas últimas décadas isso não é mais uma realidade. Compreender essa lógica não é tão complicado assim. Explicamos: no passado, o lixo era formado quase que na totalidade por restos de alimentos, excrementos, folhas e todo o tipo de material orgânico, algo de fácil decomposição pela natureza.
Hoje, porém, a realidade se transformou graças ao avanço do processo de industrialização. O que era orgânico e de fácil absorção pela natureza passou a ser matéria sintética e nociva para o meio ambiente. Mais nocivo ainda, quando esse lixo de origem industrial é gerado diariamente em quantidades estratosféricas. Prejudicial para a natureza significa prejudicial para a sociedade como um todo, manifestando-se, por exemplo, em forma de doenças, que vão desde pequenas viroses até casos como câncer.
Diante desse cenário surge uma reflexão: se em nossas casas não podemos deixar acumular o lixo, por que em nossas cidades, estados, países podemos? A resposta é não, por isso atitudes simples podem fazer uma grande diferença. Um exemplo é a distinção do lixo orgânico e seco doméstico, afinal a destinação de cada um depende da sua tipologia.
Essa classificação também é feita por órgãos governamentais e empresas especializadas nos processos de reciclagem, entretanto, o custo é claramente elevado, sendo a sociedade quem arca com a conta de todo este processo. Quanto mais lixo geramos, menos separamos e menos reaproveitamos, maior fica essa conta. Soma-se a isso a falta de capacidade de muitos órgãos públicos e privados processarem todo o lixo. O que acarreta problemas de saúde pública, mais um custo para a pesada máquina estatal.
E os dados não param de crescer. Um outro tipo de lixo que surgiu com força nos últimos anos é o eletrônico. São computadores, telefones celulares, televisores e outros tantos aparelhos e componentes que, por falta de destino apropriado, são incinerados, depositados em aterros sanitários ou até mesmo em lixões. Estima-se que até 2004 cerca de 315 milhões de microcomputadores tenham sido descartados, dos quais 850 mil no Brasil.
Além de ocupar muito espaço, peças e componentes de microcomputadores feitos de metais pesados apresentam toxicidade para a saúde humana. O chumbo dos tubos de imagem, o cádmio das placas e circuitos impressos e semicondutores, o mercúrio das baterias, o cromo dos anticorrosivos do aço e o plástico dos gabinetes são ameaças concretas que requerem soluções em curto prazo.
A reciclagem é um dos meios de tratar esses resíduos; a outra é a substituição de metais pesados por outros componentes menos tóxicos. Se prevalecer o princípio do “poluidor pagador”, a tendência apontada pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que está em discussão, é a de que os fabricantes sejam co-responsabilizados pelos equipamentos descartados e sejam incumbidos de lhes dar um fim ambientalmente seguro.